sábado, 25 de maio de 2013

Biodiversidade / Geodiversidade

Atualmente o termo biodiversidade já faz parte do conhecimento comum, associado à diversidade e importância dos seres vivos do nosso planeta, resultado da associação da palavra Natureza a todas as formas de vida. No entanto, a Natureza é mais do que vida, sendo comum o esquecimento da importância que a geodiversidade tem per se, para todos os seres vivos, incluindo o homem. De acordo com Araújo (2005), o interesse pela geodiversidade ainda é inferior ao interesse pela biodiversidade por parte da sociedade (ARAÚJO, 2005).

 Se estudarmos a história do nosso planeta é clara a relação de indissociabilidade e complementariedade entre a biodiversidade e a geodiversidade: a vida surgiu à aproximadamente 3.2 mil milhões de anos, a geodiversidade, que lhe dá suporte, surgiu com a formação do nosso planeta, à 4.5 mil milhões de anos (Gray, 2008 - brochura).

De acordo com Brilha (2005:17), uma definição de geodiversidade é a proposta pela Royal Society for Nature Conservation, segundo a qual a "geodiversidade consiste na variedade de ambientes geológicos, fenómenos e processos ativos que dão origem a paisagens, rochas, minerais, fósseis, solos e outros depoósitos superficiais que dão suporte para toda a vida na Terra". Esta definição demonstra bem a abrangência do conceito, que não se limita aos testemunhos do passado geológico como também aos processos que ocorrem atualmente, assim como a sua relação com os demais componentes do sistema Terra, entre eles a Biodiversidade.
O tipo de geodiversidade de um local condiciona vários aspetos, que podem ser: biológicos, como é o exemplo da gramínea Festuca Brigantina, que apenas existe em Bragança, resultante da exigência de solos com forte influÊncia ultrabásicas, colonizando solos esqueléticos com características químicas fortemente influenciadas pela composição da rocha-mãe (Brilha, 2005; ICNB, 2009); culturais, já que muitas contruções tradicionais de uma região são o resultado da litologia da mesma, tal como enfatizado no programa "Geologia Urbana de Castelo Branco: E se as pedras falassem?", da Naturtejo (2010), onde é possível constatar a influência do maciço granítico predominante no material utilizado nas construções da cidade (Figura1).
Figura1: Casas em Graníto. (adaptado de Naturtejo, 2010)



Aaújo, E. 2005, Geoturismo: conceitualização, implementação e exemplo de aplicação no Vale do Rio Douro no setor Porto Pinhão. Escola de Ciências. Tese de mestrado em Ciências do Ambiente da Universidade do Minho. Portugal, 219 p.

Brilha, J. 2005, Património geológico e geoconservação: a conservação da natureza na sua vertente geológica. Braga: Palimage editora, 190p.

 Gray, M. 2008, Geodiversity: developing the paradigm. Proceedings of the Geologists, Association, 119, 287-298.

Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB) 2010, Plano Setorial da Rede NAtura 2000 - flora: Festuca brigantina.

Naturtejo (2010), "Geologia Urbana de Castelo Branco: E se as pedras falassem?"

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